O dólar atingiu um novo recorde nominal nesta sexta-feira (29), sendo negociado a R$ 6,05 logo na abertura do mercado, às 9h. Essa é a primeira vez que a moeda americana supera a marca de R$ 6, reflexo direto da reação negativa do mercado ao pacote de corte de gastos e mudanças no Imposto de Renda anunciado pelo governo federal na quinta-feira (28).
A proposta prevê economizar R$ 70 bilhões em dois anos, mas depende de aprovação no Congresso. A desconfiança quanto à eficácia das medidas impulsionou o dólar, que às 9h50 era cotado a R$ 6,03, uma alta de 0,85%, e alcançou a máxima de R$ 6,11 por volta das 10h26. Na véspera, a moeda já havia subido 1,30%, fechando a R$ 5,989.
Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad, avalia que a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda, de R$ 5 mil para R$ 6.980, pode comprometer o impacto positivo dos cortes de gastos. “Essa mudança reduz a arrecadação e pode gerar inflação pela maior circulação de dinheiro na economia real”, pontua.
Embora a nova taxação para rendas acima de R$ 50 mil mensais busque compensar a perda de arrecadação, Zogbi afirma que ainda pairam dúvidas sobre sua suficiência. Desde quarta-feira (27), quando surgiram os primeiros detalhes do pacote, o dólar já vinha em trajetória de alta, impulsionado pela busca por proteção em um cenário de incertezas econômicas.
O recorde desta sexta-feira reforça o clima de cautela no mercado, que segue acompanhando o andamento do pacote no Congresso.
